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Trabalho, ansiedade e exaustão: a crise de saúde mental que ameaça o Brasil corporativo


O Brasil enfrenta uma crise de saúde mental sem precedentes, impactando diretamente trabalhadores e empresas. Dados exclusivos do Ministério da Previdência Social revelam que, em 2024, quase meio milhão de trabalhadores precisaram se afastar de suas funções por transtornos mentais. O número representa um aumento de 68% em relação ao ano anterior e é o maior registrado na última década.



A escalada dos afastamentos levou o governo a endurecer as regras de fiscalização. O Ministério do Trabalho atualizou a Norma Regulamentadora NR-1, que agora prevê penalidades para empresas que negligenciarem a saúde mental de seus funcionários. O cenário preocupa especialistas, que veem um ambiente corporativo cada vez mais adoecedor.



O peso do esgotamento mental



Para a psicóloga e psicanalista Sílvia Oliveira, a explosão de afastamentos reflete um modelo de trabalho que, há anos, vem empurrando os profissionais ao limite. “A sobrecarga, o excesso de cobrança e a falta de reconhecimento criam um ambiente propício para transtornos como ansiedade e depressão”, explica.



Sílvia destaca que o fenômeno não é isolado. “Estamos falando de um conjunto de fatores que vão desde a precarização do trabalho até a cultura da hiperprodutividade, onde o descanso é visto como improdutivo e a exaustão como um troféu.” Segundo ela, o adoecimento mental no ambiente corporativo não acontece da noite para o dia, mas é um processo silencioso e cumulativo.



Empresas adoecem junto com seus funcionários



O impacto da crise não se restringe aos trabalhadores. As empresas também sofrem com quedas na produtividade, aumento da rotatividade e dificuldades em manter equipes engajadas. “Quando um funcionário se afasta, não é apenas ele que sente. O time perde um membro, as demandas se acumulam, e a sobrecarga se espalha, criando um ciclo vicioso de exaustão”, analisa a especialista.



Para Sílvia, o momento exige uma mudança estrutural na forma como as empresas lidam com a saúde mental. “Não basta oferecer um canal de escuta ou uma palestra sobre bem-estar. As organizações precisam reavaliar suas políticas de gestão, criar espaços de diálogo e, principalmente, respeitar os limites humanos.”



Caminhos para reverter o quadro



A atualização da NR-1 é um passo importante, mas, segundo Sílvia, a solução não pode vir apenas de medidas punitivas. Ela sugere que tanto empresas quanto trabalhadores adotem novas práticas para mitigar os impactos da crise:


• Ambiente de trabalho saudável: Cultivar um espaço onde os funcionários se sintam valorizados e seguros para expressar dificuldades.


• Carga de trabalho equilibrada: Respeitar jornadas justas e evitar a cultura da sobrecarga.


• Apoio psicológico: Incentivar o acesso a profissionais da saúde mental, dentro ou fora das empresas.


• Mudança de mentalidade: Romper com a ideia de que a produtividade deve estar acima do bem-estar.



A crise de saúde mental no Brasil corporativo é um alerta de que o modelo tradicional de trabalho precisa de reformulação. Mais do que evitar multas, é preciso entender que cuidar da saúde mental dos funcionários não é um custo, mas um investimento no futuro das empresas e da sociedade.



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