TERRITORIALIDADES INDÍGENAS: O desejar e o que está inconcluso
A Editora UnB publica mais um número da revista Humanidades. Nesta edição, trazemos artigos que substantivam a luta por visibilidade de povos indígenas. Desde a conquista colonizadora do Brasil pelos europeus, a luta indígena é incansável. Submetidos à opressão pelo sistema do capital, esses povos são protagonistas da resistência fazendo frente ao colonialismo institucionalizado há mais de 500 anos. Esta edição de Humanidades nos desafia ao reconhecimento da vida desses povos, da compreensão de suas culturas e de suas cosmovisões. A Editora UnB aposta na utopia de um tempo transformador que possa trazer dignidade e o bem viver aos nossos povos indígenas.
A educação escolar indígena se manifesta como potência educacional, cultural, política, ecológica, científica e espiritual. Gersem Baniwa, professor associado no Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília, no artigo “Potências pedagógicas transformadoras na educação escolar indígena”, salienta que “embora a entrada da vida moderna na vida dos povos indígenas seja sempre muito avassaladora e irreversível, cada cultura interpreta esta ‘vida moderna’ do seu modo e segundo seus interesses e necessidades históricos, sempre conjunturais e transitórios”.
Assim, segundo o autor, a opção pela apropriação da educação escolar e universitária “é parte de uma estratégia de manutenção ou recuperação, ainda que parcial, da autonomia e protagonismo etnopolítica dos povos indígenas, inclusive sobre os processos de mudanças e transformações inevitáveis ou desejáveis na vida pós contato”.
Sílvia Guimarães, professora no Departamento de Antropologia da UnB e coordenadora do Laboratório Matula/PPGAS/DAN, em seu artigo “Reflexões sobre a produção de conhecimento epidemiológico feita pelos Yanomami em tempos de horror”, faz uma análise sobre os Sanöma, um dos seis subgrupos da família linguística Yanomami, que vivem dos dois lados da fronteira Brasil-Venezuela, e a forma como eles resistem para manter a vida em seu território, lutando por condições dignas de sobrevivência e pelo direito à saúde. Ela observa que ao longo dos anos do governo Bolsonaro, os Sanöma viveram tempos difíceis, de desestruturação dos serviços de saúde e invasão do garimpo em seu território. “Com problemas na gestão da saúde indígena sob a responsabilidade do governo federal a partir do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, que tem como objetivo garantir aos povos indígenas o acesso à saúde integral, de acordo com os princípios e diretrizes do SUS, a chegada da pandemia da Covid-19, em 2020, escancarou a fragilidade dos serviços de saúde nos territórios”, constata a professora.
No artigo “Por corpos-territórios livres de violências: politicidades femininas e resistências éticas”, Marianna Assunção Figueiredo Holanda, professora do curso de Saúde Coletiva e do Programa de Pós-Graduação em Bioética da Universidade de Brasília, traz o debate a respeito de como no Brasil, o Movimento de Mulheres Indígenas vem pautando a noção de “corpo-território” como um articulador de saberes capaz de promover a “cura da Terra”. Para ela, “esta enunciação expressada pelas mulheres indígenas no Brasil tem dialogado com pautas e agendas como o Bem Viver e feminismos comunitários ou comunais, num plano de saberes/práticas indígenas compartilhadas e experimentadas por alguns povos e movimentos indígenas na América Latina”.
A pesquisadora e professora Berta Gleizer Ribeiro é o motivo do artigo de Maria Elizabeth Brêa Monteiro, chefe da Divisão de Pesquisa do Arquivo Nacional. Neste texto a autora aborda a questão da presença feminina no campo da Antropologia. De acordo com ela, “o pensamento social brasileiro e das ciências sociais em particular baseia-se, em grande medida, em autores clássicos do sexo masculino. Apesar de a participação das mulheres na construção do pensamento científico ser tão antiga quanto o início da ciência, uma invisibilidade repousa sobre a trajetória, a produção e os registros desses trabalhos”.
“Aymara, Quéchua e Warao: indígenas em mobilidade internacional e as múltiplas territorialidades no Brasil”, de Jennifer Alvarez, pesquisadora especialista em migração, população indígena em mobilidade, traz a discussão sobre a necessidade de refletir sobre por que os mecanismos coloniais, como o nacionalismo, a política migratória e a institucionalização de corpos vulneráveis, são aplicadas às mobilidades indígenas contemporâneas.
A revista Humanidades pode ser acessada de forma gratuita no seguinte endereço www.editora.unb.br/downloads/Revista%20Humanidades%2066_DvDigital.pdf
Uma boa leitura a todos!
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