Quadro fiscal afasta risco de aperto monetário?
"Os dados divulgados revelam uma melhora significativa nas contas públicas brasileiras, com uma redução significativa superando as expectativas do mercado, que previam 76,2%. Nesse momento, a percepção é de que a redução da dívida pública bruta e o expressivo superávit primário refletem um esforço conjunto das esferas governamentais em promover um ajuste fiscal eficaz. Vale lembrar, que esses indicadores são fundamentais para melhorar a percepção de risco do país, potencialmente resultando em menores custos de financiamento e maior confiança dos investidores. Contudo, é essencial que o governo mantenha o compromisso com a disciplina fiscal e a implementação de reformas estruturais para assegurar a sustentabilidade das contas públicas a longo prazo. A continuidade desses esforços é crucial para consolidar a trajetória de redução da dívida e fortalecer a estabilidade econômica do Brasil. A redução da dívida pública bruta para 75,3% do PIB e o superávit primário expressivo de R$ 104 bilhões em janeiro indicam um avanço positivo na política fiscal, o que pode influenciar a estratégia do Banco Central diante do recente aumento dos juros em 1% para conter a inflação. Com um quadro fiscal mais sólido, o risco de descontrole das contas públicas diminui, o que, em tese, reduz a necessidade de um aperto monetário ainda mais severo. No entanto, o aumento da Selic eleva o custo da dívida, podendo comprometer a continuidade dessa trajetória de ajuste, além de impactar o crescimento econômico e, consequentemente, a arrecadação do governo. Embora o superávit primário ajude a ancorar expectativas inflacionárias, a decisão do BC de subir os juros reforça a preocupação com a persistência da inflação. O desafio será equilibrar a necessidade de controle inflacionário sem comprometer a recuperação econômica e a sustentabilidade fiscal de longo prazo", Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.
"Os dados fiscais de janeiro de 2025 indicam uma melhora no desempenho das contas públicas, com um superávit primário expressivo de R$ 104,1 bilhões e redução do déficit nominal em relação ao PIB, sinalizando maior disciplina fiscal e contribuindo para a credibilidade do governo junto ao mercado. A Dívida Líquida do Setor Público recuou para 60,8% do PIB, e a Dívida Bruta para 75,3%, ambas influenciadas positivamente pelo superávit e pela valorização cambial, que somou 5,8% no mês. Esses resultados fortalecem a percepção de estabilidade econômica e ajudam a conter a volatilidade do dólar, que deve seguir em patamar controlado no curto prazo. No entanto, a manutenção de juros nominais elevados (7,67% do PIB em 12 meses) reflete o desafio persistente de financiamento da dívida. Frente à possibilidade de um novo aumento de 1% na taxa básica pelo Banco Central para conter a inflação, o cenário fiscal favorável dá margem para uma política monetária mais rígida, sem comprometer a sustentabilidade das contas públicas, mas aumenta o custo de rolagem da dívida e impõe cautela quanto ao crescimento econômico", Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.
"A dívida pública bruta do país como proporção do PIB fechou janeiro em 75,3%, contra 76,1% no mês anterior. O cenário inflacionário permanece desafiador. O Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual na primeira reunião do COPOM do ano, atingindo 13,25% ao ano, e já sinalizou uma nova elevação de igual magnitude na próxima reunião, que ocorrerá semana que vem, com o objetivo de conter a inflação persistente. Essa política monetária mais restritiva já está impactando o custo do crédito e está desacelerando o ritmo de crescimento econômico em 2025, com empresas adiando planos de novos investimentos. Além disso, é possível que a elevação da taxa de juros atraia investimentos estrangeiros no curto prazo, contribuindo para uma valorização do real frente ao dólar, apesar de tímida. Muito provavelmente, veremos crescimentos mais sustentáveis na economia brasileira e juros reais menores apenas quando o país apresentar uma sólida estabilidade fiscal e conduzir com sucesso reformas estruturais, algo que ainda parece distante tendo em vista as ações atuais do governo", Felipe Vasconcellos, Sócio da Equus Capital.
"O governo começou o ano com um superávit de R$ 104,1 bilhões em janeiro, um bom sinal de que as contas públicas tiveram um respiro. No entanto, quando olhamos para os últimos 12 meses, o déficit ainda é alto, chegando a R$ 956,5 bilhões, ou 8,05% do PIB. Isso significa que, apesar do saldo positivo no mês, o país ainda gasta mais do que arrecada no longo prazo. A dívida pública teve uma leve redução e agora está em 75,3% do PIB, o que é positivo, mas ainda exige atenção. Essa melhora foi influenciada pela valorização do real e pelo pagamento de dívidas, mas os juros da economia continuam pesando bastante. Diante da inflação persistente, o Banco Central deve aumentar em março a taxa de juros em 1 ponto percentual. Isso pode ajudar a segurar os preços, mas também encarece o crédito e a dívida do governo. Se essa política continuar, pode afetar o crescimento econômico e a arrecadação, tornando ainda mais importante um equilíbrio entre os gastos públicos e o controle da inflação. Esse cenário também impacta o dólar, que pode se estabilizar se os investidores enxergarem confiança na economia brasileira", Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.
"A dívida pública bruta do país como proporção do PIB fechou janeiro em 75,3%, contra 76,1% no mês anterior. Com a inflação em 4,8%, o Banco Central elevou os juros para 12,25%, encarecendo o crédito e afetando diretamente o mercado imobiliário. O aumento dos custos de financiamento e a desvalorização do real pressionam incorporadoras e investidores, tornando a compra de imóveis mais seletiva. O governo aposta no novo arcabouço fiscal para equilibrar as contas, mas o mercado segue cauteloso", Pedro Ros, CEO da Referência Capital.
"A queda da dívida pública bruta para 75,3% do PIB e o superávit primário robusto de R$ 104 bilhões em janeiro refletem uma melhora na trajetória fiscal, o que pode influenciar as próximas decisões do Banco Central. Com um quadro fiscal mais ajustado, há menor risco de deterioração das contas públicas, o que, em tese, poderia reduzir a necessidade de uma política monetária mais restritiva. Embora o superávit contribua para conter as expectativas inflacionárias, a decisão do BC de elevar os juros em 1% demonstra a preocupação com a resiliência da inflação, e o grande desafio será esse, calibrar a política monetária para evitar que o aperto excessivo comprometa a retomada do crescimento econômico longo prazo", André Matos, CEO da MA7 negócios.
"Houve uma melhora significativa nas contas públicas brasileiras, superando as expectativas do mercado, que previam 76,2%. Nesse momento, a minha percepção é de que a redução da dívida pública bruta e o expressivo superávit primário refletem um esforço conjunto das esferas governamentais em promover um ajuste fiscal eficaz. Entretanto, apesar do resultado positivo, o ambiente inflacionário segue desafiador; o Banco Central vêm adotando uma postura mais rígida ao elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual e já indicou a possibilidade de uma nova alta de mesma magnitude na próxima semana. Essa política monetária vai encarecendo o crédito e impactado a atividade econômica, levando empresas a reavaliar seus planos de investimento e o que pode contribuir para uma desaceleração no crescimento ao longo do ano", João Kepler, CEO da Equity Group.
"O elevado patamar dos juros nominais, que chegaram a 7,67% do PIB em 12 meses, reforça o desafio de equilibrar o financiamento da dívida pública com a necessidade de conter a inflação. Com a sinalização de um novo aumento de 1% na Selic, o Banco Central se apoia no cenário fiscal mais sólido para justificar uma política monetária mais restritiva sem comprometer a credibilidade das contas públicas. No entanto, esse movimento torna a rolagem da dívida mais cara e pode desacelerar ainda mais a atividade econômica. O desafio agora é encontrar um ponto de equilíbrio entre controle inflacionário e crescimento sustentável, sem minar a recuperação econômica no médio prazo", Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X.
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