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O motivo pessoal por trás do fim do Sepultura, segundo Andreas Kisser


O Sepultura, uma das bandas mais icônicas do metal brasileiro, anunciou o encerramento de suas atividades após a turnê Celebrating Life Through Death, com previsão de término para 2026. O show final será em São Paulo, embora ainda não haja confirmação de data ou local, e a expectativa é que o evento reúna todos os ex-integrantes da banda, incluindo os irmãos Max e Iggor Cavalera.


Quando o fim foi revelado em dezembro de 2023, a notícia causou surpresa entre os fãs. Isso porque, apesar de estarem em um momento de grande sucesso nos palcos, a banda ainda colhe os frutos do aclamado álbum Quadra, lançado em 2020. Além disso, o guitarrista Andreas Kisser, o integrante mais velho do grupo, tem apenas 56 anos.


Entretanto, os motivos por trás dessa decisão vão além dos acontecimentos da banda. Em entrevista à Loud TV (via Blabbermouth), Kisser revelou que a morte de sua esposa, Patricia, foi um fator crucial para a escolha de encerrar o Sepultura. Patricia, que faleceu aos 52 anos em decorrência de um câncer de cólon, teve um impacto profundo na vida de Andreas.


“Sim, sem dúvida, a morte da Patricia influenciou a decisão de acabar com o Sepultura. O processo foi muito doloroso e difícil, mas também uma experiência de autoconhecimento: aprendi muito sobre mim mesmo, minha família, e encontrei novas oportunidades de falar sobre a vida a partir da morte”, explicou o guitarrista.


Na visão de Kisser, o Brasil é um dos piores lugares para se morrer, já que muitas pessoas são ignoradas pela sociedade após a morte. Em resposta a essa realidade, ele fundou o movimento Mãetricia, que visa incentivar a discussão sobre a morte e temas relacionados, como eutanásia, suicídio assistido e cuidados paliativos. "Tivemos o privilégio de oferecer à minha esposa cuidados paliativos, graças ao plano de saúde, mas a maioria das pessoas no Brasil não tem esse acesso. Por isso, criamos o movimento e também um festival de música, o Patfest, que já teve sua terceira edição, arrecadando fundos para as pessoas que recebem e oferecem cuidados paliativos nas favelas do Rio de Janeiro”, disse.


O Respeito à Finitude: Uma Nova Perspectiva sobre a Vida e a Morte


Com a perda de Patricia, Andreas Kisser passou a refletir de maneira mais profunda sobre a finitude da vida. Para ele, a morte tornou-se sua maior professora. “Estou aprendendo muito sobre a vida, porque passei a respeitar a finitude. Não podemos controlar isso. Todos nós vamos morrer. Você vai morrer. A câmera vai morrer. Qualquer dispositivo eletrônico vai parar de funcionar. Não podemos escolher, mas podemos escolher viver o presente. Quando respeitamos a finitude, a intensidade do momento é muito maior”, refletiu.


Kisser também vê a morte como um elemento essencial na compreensão de outras áreas da vida. "Se você vai ao cinema e o filme não tem fim, não tem significado, não tem mensagem. Da mesma forma, qualquer coisa que você faça na vida precisa ter uma conclusão. Pensamos em fases: início, desenvolvimento e fim. Isso é a vida. Vamos respeitar isso, sem tentar viver para sempre com IA ou robôs. Vamos ser humanos e respeitar a morte", afirmou.


A própria Patricia, segundo Kisser, discutia a morte abertamente, e, durante o período final de sua vida, fez pedidos que, na época, pareciam brincadeiras, mas foram cumpridos com muito carinho. “Ela dizia, por exemplo, que quando morresse, queria que não esquecêssemos seu travesseiro, seu cobertor, e que colocássemos seu pijama e meias. Todos rimos na época, mas quando ela morreu, fizemos exatamente isso. Não consigo expressar em palavras o que senti ao realizar um pedido dela. São gestos simples, mas que trazem uma paz profunda, compreensão e gratidão por tudo o que ela foi em nossas vidas", compartilhou Kisser.


A Turnê *Celebrating Life Through Death e o Futuro do Sepultura*


Até o momento, o Sepultura já realizou mais de 60 shows da turnê Celebrating Life Through Death, que percorreu a América Latina, América do Norte, Europa e Ásia. O último show confirmado da turnê será no dia 14 de dezembro, em Recife, mas há a expectativa de novas datas serem anunciadas.


Além disso, a formação atual da banda, composta por Derrick Green (vocais), Paulo Jr. (baixo) e Grayson Nekrutman (bateria), planeja lançar um EP com faixas inéditas e um álbum ao vivo, que será gravado ao longo da turnê. Detalhes sobre esses lançamentos ainda não foram divulgados.


O fim do Sepultura é um marco, mas o legado da banda, construído ao longo de mais de três décadas de carreira, continuará a inspirar gerações de fãs ao redor do mundo.

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