O Feminismo na Era do Sugar Dating

No Dia Internacional da Mulher, contamos histórias de resistência, desafios e conquistas. A trajetória de Laura Moretti, estudante universitária de 24 anos, se encaixa nesse contexto de maneira inesperada. Militante feminista, defensora da autonomia financeira das mulheres e sugar baby assumida, ela desafia estereótipos e provoca debates sobre empoderamento e liberdade.
Laura cursa Direito na Estácio e desde o início da graduação, percebeu que equilibrar estudos e trabalho era uma equação desleal. Bolsista parcial, enfrentava dificuldades para bancar aluguel, livros e alimentação. Foi quando descobriu o mundo dos relacionamentos Sugar.
“Eu via amigas se matando de trabalhar para pagar contas enquanto namoravam caras que não as valorizavam em nada. Achei que deveria haver um meio-termo entre independência e conforto”, conta Laura. Foi assim que, há três anos, ela entrou na plataforma de Sugar Dating MeuPatrocínio.com. Desde então, mantém relacionamentos com homens mais experientes e financeiramente estáveis, que lhe proporcionam suporte enquanto ela mantém total controle sobre sua vida.
O conceito de Sugar Baby é compatível com o feminismo?
A estudante rebate as críticas com argumentos afiados. “Feminismo é sobre autonomia. Eu escolho com quem me relaciono, estabeleço meus limites e sou presenteada de forma justa pelo tempo, carinho, amor e a companhia que ofereço. Isso não é diferente de muitas relações tradicionais, onde mulheres fazem tudo sem receber nada em troca”, diz.
Ela encara sua experiência como uma forma de driblar a precarização da vida universitária e, ao mesmo tempo, se posicionar contra a hipocrisia social que condena mulheres por fazerem escolhas pragmáticas. “Muita gente depende financeiramente de parceiros, pais ou empregos exploradores. Eu simplesmente encontrei uma alternativa que me permite estudar sem estar à beira da exaustão.”
No entanto, as críticas vêm de todos os lados. Parte do movimento feminista a acusa de reforçar a objetificação feminina, enquanto setores conservadores a veem como um símbolo da decadência moral moderna. Mas Laura não se intimida. “Eu sou minha própria chefe. Se alguém quiser me dizer o que fazer com meu corpo e minhas relações, está reforçando justamente o machismo que eu combato.”
Com a formatura se aproximando, Laura já tem planos para o futuro: abrir uma consultoria jurídica especializada em defesa dos direitos das mulheres. “Sei que a advocacia não é um campo fácil para mulheres, mas, como sempre, encontrarei meu próprio caminho.”
No Dia da Mulher, sua trajetória nos lembra que não há um único modelo de empoderamento e que liberdade, no fim das contas, tem significados distintos para cada mulher.
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