top of page

Mamonas Assassinas, um filme que parece mais um novelão (e dos piores)


*Por Rodrigo Carvalho


Em 1995, surgia no Brasil, uma banda irreverente, com muita técnica nos instrumentais, carisma no palco e humor em suas letras. Mas antes de se tornarem os queridinhos do país, eles tiveram que ralar bastante para alcançar esse patamar. Essa é a premissa da história de vida da banda Mamonas Assassinas e também do recente filme lançado. Um prato cheio para se criar uma grande homenagem aos garotos de Guarulhos. Porém, não foi dessa vez.


Quando saiu a notícia do filme dos Mamonas Assassinas, banda que fez parte da minha infância, fiquei empolgado. Vi o primeiro trailer e achei as caracterizações muito semelhantes. Parecia que ia dar certo. Porém, logo quando saiu o filme, vi que algumas críticas sobre o filme não eram nada animadoras. Então minha expectativa baixou bastante. Mas o que crítico de cinema entende de cinema, não é verdade? Brincadeiras à parte, mesmo quando dizem que um filme é ruim eu preciso assistir e tirar minhas próprias conclusões.


E não é que a crítica estava certa? Infelizmente, o que era para ser uma homenagem a uma das maiores bandas do Brasil, se tornou um novelão de quinta categoria. Nos primeiros minutos, o filme chega a emocionar os mais saudosistas, mas é só. O diretor resolveu tomar um caminho de recriar uma história em cima da história. Muita coisa foi mudada ou inventada a troco de nada. Criaram uma rixa entre Dinho e o baterista Sérgio Reoli. Não sei se existiu mesmo ou se só inventaram isso para dar mais emoção ao filme. Se foi isso, precisava? Uma banda com tanta história legal para explorar, precisa inventar subtramas para deixar o filme mais atrativo? Isso é muito coisa de diretor de novela, que aliás, fui pesquisar depois quem era o responsável por trás dessa "obra prima" e descobri que sim, Edson Spinello realmente dirigia novelas, e Carlos Lombardi foi responsável pelo roteiro. Taí o porquê o filme ter cenas tão bregas, a ponto de ter um foco demorado em um personagem para ele soltar uma frase ordinária.


Deram um protagonismo para o Sérgio Reoli que não existia. Ele no filme parece ser o cabeça pensante da banda, quando na verdade, era o mais esquentadinho e o menos comunicativo. Também inventaram um subtrama entre ele e o irmão Samuel, que é de fazer vergonha. Ainda mais como tudo é resolvido. Meu Deus! Bento Hinoto (violão) e Júlio Resec (tecladista) foram esquecidos.


As mulheres do filme, todas são vilãs. Elas só aparecem para causar problemas ou serem objetificadas. Eu não acreditei como retrataram a namorada do Dinho no filme. Uma vilã de novela mexicana. Deve ser por isso que ela tem o nome trocado no filme. Não deve ter recebido autorização para ser representada. Tudo bem que na biografia do Rick Bonadio ele diz que as namoradas causavam problemas para a turma, mas retratar a Valéria como uma mulher que quer acabar com a banda? Forçado demais!


O processo de criação das músicas também foi desnecessário. Porque não optar pela verdade? Seria tão mais legal ver o ponto de transformação da banda Utopia em Mamonas Assassinas. Aquela demos que o Dinho gravou com duas músicas para um churrasco ser o motivo deles se transformarem em uma banda irreverente e cheia de alegria. E falando em Rick Bonadio, o filme parece ser uma ode a ele. Não que ele pediu para isso, mas o jeito que ele é retratado no filme, leva a crer que ele foi o salvador da pátria. Que os Mamonas devem tudo a ele. Claro que ele teve uma forte influência na banda, mas o próprio Rick não parece se mostrar arrogante quanto o surgimento do grupo. Ele se colocava de igual com eles.


Infelizmente, o filme não traz o necessário para se tornar uma obra cinematográfica que faz jus à banda, como foi o caso recente de "Nosso Sonho" ou "Mussum - O Filmis". É mais uma película que parece que teve pouco orçamento e poucos dias de gravação, que teve que fazer tudo às pressas para ser finalizado.


Nota: 👎👎👎👎👎

Comments


bottom of page