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Fé, união e espetáculo emocionam mais de 10 mil pessoas na Via-Sacra do Paranoá 2025

Com cenas comoventes, multidão emocionada e um grande mutirão de fé e voluntariado, a 48ª edição da Via-Sacra ao Vivo do Paranoá transformou as ruas do Distrito Federal em um grande palco de espiritualidade nesta Sexta-Feira Santa (18/4). Realizada desde 1977, a maior encenação de rua do DF voltou a atrair uma multidão — segundo estimativas da organização, mais de 10 mil pessoas acompanharam a representação dos últimos passos de Jesus Cristo até sua ressurreição.

O evento começou com a tradicional missa de Adoração da Cruz, celebrada na Paróquia Santa Maria dos Pobres, no Paranoá, pelo padre espanhol Miguel, que há seis anos atua na comunidade. Em suas palavras:

“A Via-Sacra do Paranoá nasceu da fé do povo e segue viva até hoje. É uma oportunidade para que todos, inclusive quem pouco frequenta a igreja, volte seus olhos para o sofrimento de Cristo e busque viver mais conforme a vontade de Deus. Aqui, a religiosidade popular se manifesta de forma fantástica.”

A encenação percorreu 2,5 km entre a CAESB e a Paróquia, com 160 atores e mais de 400 profissionais e voluntários envolvidos na produção, iluminação, som e estrutura. Tudo preparado com meses de antecedência — com amor, fé e suor da comunidade local. Entre eles, o casal Pedro Henrique e Ana Luísa, voluntários há mais de duas décadas. Pedro hoje coordena a equipe de voluntários:

“A experiência de coordenar é um desafio, mas também um consolo. Deus capacita os escolhidos. A preparação é intensa, especialmente nos últimos quatro meses. Mas é a fé que nos move. Caminhar com Jesus, levar nossas cruzes e crer na ressurreição é o que nos fortalece.”

Na equipe de bastidores, Maria Edna cuida, desde 2013, do figurino de mais de 160 personagens:

“Trabalho com cerca de 300 kg de roupas. É cansativo, mas gratificante. Me emociono a cada ano quando vejo todos prontos, vestindo a paróquia. Quando penso em desistir, lembro que está chegando e sigo firme.”

Outro pilar do evento é José Domingos Lopes, há 17 anos responsável pela cenografia de quase 1 tonelada. Ele começa a construção cerca de três meses antes. A cada edição, a cena da ressurreição é diferente:

“Este ano me inspirei na parte interna da igreja. O que me motiva? A fé. Ao final do evento, sinto o dever cumprido.”

A comunidade abraça o evento. Famílias inteiras acompanham cada passo. Caso da professora Kelly Christina, moradora do Paranoá desde a infância:

“Venho desde pequena. É um ato de gratidão. Trago meus filhos para que cresçam na fé como eu cresci.”

O tom ecumênico também marcou presença. A empresária evangélica Jéssica Pulgas, ao lado do marido e do filho de quatro anos, acompanhou o evento pela primeira vez:

“Vim pelo meu filho, que pediu para ver Jesus. Sou evangélica, mas achei tudo lindo. Está tudo certo até agora.”

A produção teve a coordeção geral assinada por Diarly Lacerda, das Obras Sociais da Arquidiocese de Brasília (OASSAB), com apoio das pastorais da paróquia. Diarly destaca que o evento envolve todo o comércio local, movimentando mais de R$ 350 mil na economia do Paranoá, entre contratações de luz, som e fornecedores da própria cidade:

“Até os cabelos do ator que interpreta Jesus Cristo são cuidados por um salão voluntário da região. É um evento que gera cultura, espiritualidade e renda.”

A Via-Sacra contou também com o apoio do termo de fomento executado pela Secretaria de Cultura e da emenda parlamentar do deputado João Cardoso, presidente da Frente Parlamentar Católica da CLDF.

O momento de maior comoção foi a ressurreição, apresentada em um altar com três níveis e quatro passagens da vida de Jesus. A primeira retratando o Jesus menino com sua mãe e José, como na imagem da Sagrada Família. Seguida pelo encontro de Jesus com Maria durante a via dolorosa. A terceira cena remetia a famosa escultura da Pietà, onde Maria tem seu filho morto nos braços. E por fim, no terceiro e último nível surge Cristo glorioso e ressuscitado, iluminado por lasers, fogos de artifício e uma chuva de papel picado ao som da canção “Cheiro de Rosas”, interpretada ao vivo. A cena foi precedida por uma apresentação de dança de crianças vestidas de anjinhos, emocionando o público.

Ao final, padre Miguel desejou um bom retorno a todos, encerrando uma noite marcada por emoção, espiritualidade e união comunitária. A Via-Sacra do Paranoá mais uma vez mostrou que, quando a fé move um povo, nada é impossível.


Sobre a Via-Sacra do Paranoá

Criada em 1977, a Via-Sacra ao Vivo do Paranoá é a maior encenação de rua do DF, realizada por moradores e voluntários da Paróquia Santa Maria dos Pobres. Com mais de 500 envolvidos na produção, é parte do calendário oficial de eventos do DF desde 2005 (Lei nº 3.538/2005) e representa um forte elo entre cultura popular, fé cristã e pertencimento comunitário.

A encenação envolve atualmente mais de 500 voluntários — entre atores, figurantes e equipe técnica — e atrai milhares de fiéis todos os anos durante a Semana Santa. Com um percurso de 2,5 km pelas principais ruas do Paranoá, o espetáculo é realizado em espaço aberto e combina arte, fé e comunhão. Mais do que uma representação da Paixão de Cristo, o evento é um testemunho vivo da força da fé coletiva, da solidariedade e da cultura construída pelo povo do Paranoá.


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