Explorando os limites do amor e da moralidade no sertão, o longa-metragem Agreste, de Sérgio Roizenblit, estreia no dia 14 de novembro nos cinemas nacionais
No longa-metragem Agreste, o diretor Sérgio Roizenblit, com co-direção de Ricardo Mordoch, mergulha nas complexas questões de identidade, amor e preconceito que permeiam uma pequena comunidade rural do sertão nordestino. A obra é uma adaptação da aclamada peça homônima do dramaturgo pernambucano Newton Moreno, que assina o roteiro ao lado de Marcus Aurelius Pimenta. Com distribuição da Pandora Filmes e produção de Roizenblit pela Miração Filmes, juntamente com Gustavo Maximiliano e Viviane Rodrigues, da BR153 Filmes, Agreste traz uma reflexão profunda e sensível sobre as dinâmicas sociais da região. A estreia está marcada nos cinemas brasileiros para o dia 14 de novembro.
O enredo gira em torno do trabalhador rural Etevaldo (Aury Porto) e de Maria (Badu Morais), uma jovem com casamento prometido. Para viverem seu amor, fogem juntos pelo sertão e encontram abrigo na casa de Valda (Luci Pereira), uma mulher extremamente religiosa, que vê Maria como uma filha. O casal vive uma relação marcada pela simplicidade e pela devoção mútua, até que um crime acontece e uma revelação inesperada coloca à prova as normas sociais e religiosas do local.
“A diferença confronta a intolerância quando as pessoas relutam em aceitar um amor incondicional. O contraste é construído desde a pureza, a inocência, a intimidade e a descoberta de novas formas de amor, à intolerância, ao preconceito violento e ao fanatismo. Esses temas formam a base do enredo e transformam o filme em uma fábula ambientada no ermo Agreste sertão nordestino, que no entanto remete também à modernidade, ao presente e a qualquer outro espaço”, explica Roizenblit. O diretor opta por um trabalho que privilegia momentos contemplativos, dando espaço para que os silêncios e os olhares entre os personagens falem mais do que os diálogos. O elenco, por sua vez, entrega atuações comedidas, evitando exageros e permitindo que a complexidade emocional da trama emerja de forma sutil.
“A relação entre Maria e Etevaldo não é um amor romântico tradicional. É uma parceria forjada pela necessidade de sobrevivência e confiança mútua em um ambiente hostil. No sertão, onde as distâncias e o isolamento físico são imensos, eles encontram um no outro um refúgio e uma forma de resistência. A aridez da paisagem se torna, paradoxalmente, o elemento que os aproxima e fortalece, pois é nesse cenário desolador que a cumplicidade entre eles acontece. O sertão, com sua dureza e vastidão, reflete tanto o desafio quanto o elo invisível que os mantém unidos”, reflete o co-diretor Mordoch.
A fotografia de Humberto Bassanello destaca a aridez e vastidão do sertão, transformando a paisagem em uma parte central da narrativa. O uso do silêncio e da quietude, típicos do ambiente rural, contribui para acentuar o isolamento emocional e físico dos personagens. Com edição de som de Nicolau Domingues e trilha sonora de Dante Ozzetti, a combinação de sons naturais da região, como o vento e a terra seca, com instrumentos tradicionais, como a rabeca e o acordeão, cria uma atmosfera que aprofunda a imersão do espectador na introspecção da trama. A direção de arte, assinada por Laura Carvalho, reforça a rusticidade da vida sertaneja sem recorrer a estereótipos visuais, utilizando uma paleta de tons terrosos e minimalismo nos interiores. O figurino de Diana Moreira, simples e desbotado, reflete a relação dos personagens com a terra e a tradição, aumentando a sensação de autenticidade. O conjunto de escolhas visuais e sonoras cria uma estética que comunica tanto o pertencimento quanto o isolamento, intensificando a experiência da vida dura no agreste.
“A fotografia de Agreste é totalmente apoiada pela cinematografia de Vidas Secas. Nos seus planos longos, na luz inclemente e nos silêncios”, entrega Roizenblit.
A peça de Newton Moreno estreou em 2003, teve montagem dirigida por Marcio Aurelio Pires de Almeida, com público de mais de 300.000 pessoas, e ganhou os prêmios APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e Shell de melhor texto. E embora ela tenha um foco mais explícito no teatro de denúncia, no filme há uma diluição dessa crítica direta, favorecendo uma abordagem mais introspectiva. O longa foi vencedor do Cine PE Festival 2023 nas categorias Melhor Fotografia (Humberto Bassanello), Melhor Ator Coadjuvante (Roberto Rezende), Melhor Atriz Coadjuvante (Luci Pereira), Melhor Roteiro (Newton Moreno e Marcus Aurelius Pimenta) e Melhor Filme Júri Popular.
Agreste oferece um estudo sobre as dinâmicas sociais de uma região muitas vezes retratada de maneira simplista pelo cinema nacional. O resultado é um filme que convida à reflexão, tanto sobre a realidade retratada quanto sobre os limites da liberdade pessoal em espaços marcados por tradições rígidas.
O elenco principal e coadjuvante é composto por atores de diversos estados do Nordeste. A equipe de produção conta com profissionais de São Paulo, Pará, Bahia e Pernambuco. As filmagens foram feitas em Curaçá e Juazeiro (BA), em 2019. O filme foi realizado com recursos públicos incentivados, através da Lei do Audiovisual e do Fundo Setorial do Audiovisual, administrados pela ANCINE, e com investimento da Sabesp, através do PROAC-SP, e da SPCine, através do Edital de Complementação de Produção de Longas-Metragens (2019).
SINOPSE
Agreste é uma história de amor no sertão brasileiro. Etevaldo é um trabalhador rural solitário e reservado, recém-chegado ao vilarejo. Encontra Maria, jovem de espírito livre, porém prometida em casamento a um senhor da vizinhança. Ambos se apaixonam e fogem. São acolhidos por Valda, uma senhora profundamente religiosa, que vê Maria como uma filha. Quando um suposto sequestro passa a ser investigado na região, Etevaldo teme que seu passado seja revelado.
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FICHA TÉCNICA
Direção: Sérgio Roizenblit
Codireção: Ricardo Mordoch
Roteiro: Newton Moreno e Marcus Aurelius Pimenta
Elenco: Aury Porto, Badu Morais, Luci Pereira, Jaedson Bahia, Roberto Rezende, Mohana Uchôa, Terena França, Emilly Nogueira, Lidiane de Castro, Paulo Henrique Reis de Melo, Márcia Galvão, Hertz Félix
Produção: Gustavo Maximiliano, Viviane Rodrigues e Sergio Roizenblit
Produção Executiva: Gustavo Maximiliano, Upex, Viviane Rodrigues, Marina Puech Leão, Sérgio Roizenblit
Direção de Fotografia: Humberto Bassanello
Direção de Arte: Laura Carvalho
Figurino: Diana Moreira
Maquiagem: Mari Figueiredo
Música Original: Dante Ozzetti
Trilha Sonora: Dante Ozzetti, Du Moreira
Som Direto: Phelipe Joannes, Pedro Garcia
Montagem: Olivia Brenga, Sergio Roizenblit
Desenho de som e mixagem: Nicolau Domingues, A3pS
Consultoria de roteiro: Gualberto Ferrari
Consultoria de montagem: Gualberto Ferrari, Eduardo Serrano
Gênero: drama
País: Brasil
Ano: 2023
Empresa investidora: Sabesp
Apoio Institucional: Prefeitura Municipal de Curaçá (BA)
Apoio Cultural: Agrovale, Vinícola VSB, Hoteis Lazar (Juazeiro e Petrolina), Fazenda Caraíba
SOBRE SÉRGIO ROIZENBLIT
Sérgio Roizenblit é fotógrafo e documentarista. Iniciou sua carreira na TV Educativa do Piauí, onde escrevia, produzia, dirigia e editava programas educativos. Sua criação diversificada inclui trabalhos exibidos em espaços de arte, como Rede de Tensão (Bienal de São Paulo). Seu primeiro documentário de longa-metragem, O Milagre de Santa Luzia (2009) foi premiado no Festival de Brasília, resultando na série homônima com 3 temporadas, um panorama sobre a música popular brasileira. Ele também dirigiu o longa documental “Médicos Cubanos” e as séries documentais “Arquiteturas”, “BR3” e “Habitar”, entre outras. Como diretor de fotografia, fez “Segundo Tempo”. Hoje é sócio diretor da Miração Filmes. “Agreste” é sua estreia na direção de longa-metragem de ficção.
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SOBRE RICARDO MORDOCH
Formado no Curso Superior de Audiovisual na Universidade de São Paulo, com ênfase em Direção e Produção. Seu trabalho de conclusão de curso, "Contos de Obituário", foi exibido no festival FIPA-Biarritz e competiu no Festival Internacional de Televisão do Rio em 2010. Trabalhou como assistente de direção de 2009 a 2013, em séries, curtas-metragens e diversos comerciais. Logo começou a dirigir seus primeiros trabalhos publicitários, especializando-se em campanhas web e conteúdo de marca. Em 2017, retornou ao cinema, como 1º assistente de direção em dois longas-metragens: "Segundo Tempo", e "Dente por Dente". Também foi 1º assistente de direção do premiado curta-metragem "A Volta Para Casa". Sua produtora, AmorDoch Filmes, foi responsável pelo curta-metragem "Céu de Agosto", premiado no 74º Festival de Cannes e exibido em mais de 30 países. Concluiu em 2021 o mestrado em "Cine y Televisión" na UC3M de Madrid.
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SOBRE PANDORA FILMES
A Pandora é uma distribuidora de filmes independentes que há 30 anos busca ampliar os horizontes da distribuição de filmes no Brasil revelando nomes outrora desconhecidos no país, como Krzysztof Kieślowski, Theo Angelopoulos e Wong Kar-Wai, e relançando clássicos memoráveis em cópias restauradas, de diretores como Federico Fellini, Ingmar Bergman e Billy Wilder. Sempre acompanhando as novas tendências do cinema mundial, os lançamentos recentes incluem “O Apartamento”, de Asghar Farhadi, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro; e os vencedores da Palma de Ouro de Cannes “The Square: A Arte da Discórdia”, de Ruben Östlund e “Parasita”, de Bong Joon Ho. Paralelamente aos filmes internacionais, a Pandora atua com o cinema brasileiro, lançando obras de diretores renomados e também de novos talentos, como Ruy Guerra, Edgard Navarro, Sérgio Bianchi, Beto Brant, Fernando Meirelles, Gustavo Galvão, Armando Praça, Helena Ignez, Tata Amaral, Anna Muylaert, Petra Costa, Pedro Serrano e Gabriela Amaral Almeida.
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SOBRE BR153 FILMES
A BR153 Filmes é uma produtora audiovisual de São Paulo, criada pela paraense Viviane Rodrigues e o goiano Gustavo Maximiliano, que trazem vasta experiência em séries, longas-metragens e comerciais. Em 2017, a produtora realizou a transmissão ao vivo, via Facebook e YouTube, do show de encerramento do 21º Cultura Inglesa Festival, com Karol Conká e a cantora inglesa Charli XCX. No mesmo ano, participou do 4º Icumam Lab com o roteiro do longa de comédia “Assentadas”, de Gustavo Maximiliano e Vinícius Soares. Em 2019, lançou o curta “Tônica da Cidade”, dirigido por Viviane Rodrigues, que foi destaque em festivais nacionais e internacionais, como o KASHISH Mumbai International Queer Film Festival e o Prairie Pride Film Festival nos EUA. Em 2020, produziu o especial para TV “100 Anos de Elizeth Cardoso”, com estreia nacional no SescTV em 2021. Atualmente, a BR153 Filmes prepara o lançamento do documentário “O Ponto Firme”, de Laura Artigas, premiado em festivais internacionais, e o longa-metragem “Agreste”, de Sergio Roizenblit, vencedor de cinco categorias no CINE PE. Além disso, Viviane Rodrigues estreia seu primeiro curta documental, filmado em Portugal e distribuído pela Tarrafa Produtora.
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SOBRE MIRAÇÃO FILMES
A Miração Filmes, com mais de 20 anos de atuação, é uma produtora audiovisual brasileira que se destaca pela diversidade temática de suas produções, abordando temas como sustentabilidade, educação, questões urbanas, raciais e de gênero, artes, moda, dança e religião, sempre com foco nas questões nacionais. Com mais de 300 filmes e 20 séries documentais, suas obras têm sido exibidas em canais como GloboNews, HBO, Futura, TV Brasil e Cine Brasil TV, e conquistaram prêmios em festivais renomados como o Festival do Rio e o Festival de Brasília. Entre suas produções de destaque estão os longas "O Milagre de Santa Luzia", "Democracia em Preto e Branco" e "SLAM: Voz de Levante", além de séries como "Arquiteturas" e "Brasil 2050". A produtora também realizou a série "O Milagre de Santa Luzia", uma das mais longevas da TV brasileira, com 3 temporadas e 117 episódios. Com pontuação máxima na Ancine, a Miração Filmes segue desenvolvendo novos projetos, incluindo o longa ficcional "Imortais" e documentários como "Nicolelis, Desafiando o Impossível" e "Batuque Diferente: 50 Anos das Quebradas do Mundaréu", além de várias séries documentais em fase de captação de recursos.
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