CCBB traz a Brasília o espetáculo "Um Jardim para Tchekhov", de 9/1 a 2/2
Paisagens dramáticas, personagens tomados por questões existenciais e reflexões profundas costumam figurar no imaginário quando se fala em autores russos. Mas esse estereótipo diz pouco sobre o espetáculo, que conta com o patrocínio do Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e estreia dia 9 de janeiro no Centro Cultural Banco do Brasil Brasília.
Sinopse
Transitando entre a comédia, o lirismo e o drama, o texto inédito de “Um Jardim para Tchekhov”, assinado por Pedro Brício, narra a história de uma consagrada atriz de teatro, Alma Duran, vivida por Maria Padilha, que vai morar com sua filha, a médica Isadora (Olivia Torres), e seu genro Otto, um delegado de polícia (Erom Cordeiro), em um condomínio em Botafogo, no Rio de Janeiro. Brício está indicado ao Prêmio Shell de Teatro 2024, pela dramaturgia da obra. O resultado será anunciado em março de 2025.
Desempregada há três anos, ela começa a dar aulas de teatro para a estudante Lalá (Iohanna Carvalho), enquanto sonha em montar "O Jardim das Cerejeiras". Ao enfrentar dificuldades para realizar o espetáculo, ela conhece um desconhecido no playground do prédio, que afirma ser Anton Tchekhov (Leonardo Medeiros), que passa a ajudá-la.
A Dramaturgia
Os limites entre realidade e ficção, comédia e drama, passado e presente, Brasil e Rússia, vão se misturando, numa trama que discute - com bastante humor - os tempos de intolerância vividos no país. Embora o espetáculo evoque o autor russo, o texto não é inspirado nele, conta Pedro Brício. “O tom tchekhoviano está na dualidade de emoções, nas tensões sociais, na aridez da violência, na intolerância. Por outro lado, há o afeto, a beleza, situações patéticas, risadas. É uma mistura de sentimentos, é sobre rir das nossas dores”.
Por mais que a Alma Duran esteja passando por uma situação difícil, lidando com o fracasso, com a falta de dinheiro, não perde a capacidade de sonhar, de inventar um futuro. Ela planta cerejeiras em um jardim abandonado do condomínio, em pleno Rio de Janeiro. São esses elementos que trazem para perto do público o que, aparentemente, estaria distante no tempo e no espaço, como a obra de um autor russo que viveu entre o século XIX e o XX.
A diretora da peça, Georgette Fadel, conta que “o autor é geralmente lido do ponto de vista psicológico, das relações sociais, mas ele tem uma vertente de humor muito importante, a qual a equipe escolheu ressaltar. ‘O Jardim das Cerejeiras’, por exemplo, é uma comédia, mas ficou conhecida na montagem do diretor russo Constantin Stanislavski, que insistiu em encená-la como um drama, o que conferiu a ela essa pecha”.
Vida em movimento
“Um Jardim para Tchekhov”, conta a diretora, também chama atenção para a impermanência da vida. “O transitório está presente em diversas camadas do espetáculo, desde o texto à cenografia – com vários elementos que mudam de lugar nas cenas, que balançam. Temos bonecos ‘João Bobo’ representando personagens. O vento é um integrante da peça. O tempo todo está ventando, o que traz uma sensação de movimento, mostra que estamos vivos”.
Como uma crônica cotidiana, a peça tem muito do “mundo real”, transitando entre a tensão e o riso, trazendo questões sociais, raciais, violência, meio ambiente. “Vivemos, junto com os personagens, seus momentos de desprazer, de alegrias. Embarcamos em suas fantasias e também em seus medos. Mas a leveza de sonhar se sobrepõe, a peça é sobre essa liberdade de sonhar. Não no sentido ingênuo, e sim no sentido de não levar tudo tão a sério. Há uma vibração positiva, um sopro de vida”.
Encontro com Tchekhov
Partiu da atriz Maria Padilha a ideia de fazer uma montagem envolvendo Anton Tchekhov. Seu primeiro trabalho com o autor russo foi em 1999, na peça “As Três Irmãs”, dirigida por Enrique Diaz. “Me apaixonei por sua obra, pelo ser humano que ele foi. Desde então sonhava em montar uma peça dele, mas é algo grandioso, com muitos personagens e ficaria inviável financeiramente. Convidei, então, o Pedro Brício, com quem havia trabalhado no monólogo ‘Diários do Abismo’, que fez uma brilhante adaptação das obras da escritora mineira Maura Lopes Cançado. Como grande dramaturgo que é, ele criou a história original que se transformou na peça ‘Um Jardim para Tchekhov’”.
“A Alma Duran é um verdadeiro presente”, a atriz sublinha. “Ela traz um sopro de vida, um sopro de arte. Chega para mudar as relações, tanto na sua família, como para a estudante de teatro Lala, que recebe aulas particulares da atriz. Alma simboliza a própria arte e o teatro como um lugar de respiro, de ar. Ela está entre o lírico e o humor, o drama e a comédia - algo que me dá muito prazer em representar como atriz”, revela Padilha.
Divas brasileiras
Maria Padilha conta que Alma Duran tem bastante de Tchekhov, “aquela coisa febril, de estar vivendo uma fantasia e, de repente, cair na realidade”. E, para além da inspiração no autor russo, as chamadas divas do teatro brasileiro têm um papel importante na construção da personagem. “Ela tem muito de Marília Pêra, que foi minha primeira diretora, da Fernanda Montenegro, da Nathália Timberg, da Renata Sorrah, por quem sou apaixonada, da Marieta Severo, da Camila Amado.
Admiro todas que vieram antes de mim, que construíram a história do teatro, como Cleyde Yáconis, Cacilda Becker, Dercy Gonçalves, Tônia Carreiro, Myriam Muniz. Quando falamos em artes cênicas no Brasil não tem como não lembrar da importância dessas divas que pavimentaram a estrada para nós estarmos aqui”, ressalta Padilha.
Ficha técnica:
Dramaturgia: Pedro Brício
Direção Artística: Georgette Fadel
Elenco / Personagem:
Maria Padilha - Alma Duran
Leonardo Medeiros - Anton Tchekhov
Erom Cordeiro - Otto
Olivia Torres - Isadora
Iohanna Carvalho – Lalá
Interlocução de dramaturgia: André Emídio e Maurício Paroni de Castro
Iluminação: Maneco Quinderé
Cenário: Pedro Levorin e Georgette Fadel
Figurino: Carol Lobato
Trilha sonora: Lucas Vasconcellos
Preparação corporal: Marcia Rubin
Designer gráfico: Luiz Henrique Sá
Fotos de divulgação: Filipe Costa, Guto Muniz e Renato Mangolin
Assistência de Direção: Bel Flaksman
Operação de luz: João Gaspary
Operação de som: Rafael Emerich
Contrarregra: Wallace Lima
Coordenação administrativo-financeira: Letícia Napole e Alex Nunes
Assistência de produção: Luciano Pontes
Produção executiva: Ártemis
Direção de produção: Silvio Batistela
Produção: Cena Dois Produções Artísticas
Produção local: BaLuMa - Soluções em Projetos
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil
Patrocínio: Banco do Brasil e Governo Federal
Assessoria de imprensa: Território Comunicação, Rodrigo Machado
Pedro Brício, autor
Pedro Brício é autor, diretor e ator, e um dos mais produtivos e premiados dramaturgos brasileiros dos últimos 20 anos. Escreveu e dirigiu as peças “King Kong Fran” (em parceria com Rafa Azevedo), “O Condomínio", "Me salve, musical!", "Trabalhos de amores quase perdidos", "Cine-Teatro Limite", "A Incrível Confeitaria do Sr. Pellica". Recebeu alguns dos principais prêmios do país pelo seu trabalho, como Shell, Questão de Crítica, Contigo e APCA. Tem textos traduzidos para o inglês, espanhol, alemão. Participou da Feira Internacional do Livro de Frankfurt, da Semana de Dramaturgia Contemporânea, em Guadalajara, e da mostra Una mirada al mundo, no Centro Dramatico Nacional, em Madri. Escreveu e dirigiu os musicais "Icaro and the black stars" e "Show em Simonal". Como diretor, além dos seus próprios textos, encenou peças de Samuel Beckett, Edward Albee, Rafael Spregelburd, Patricia Melo e Hilda Hilst.
Georgette Fadel, diretora
Georgette Fadel é diretora e atriz de formação acadêmica. Durante os anos 90 se engaja e faz parte do florescimento de um forte movimento de grupos na cidade de São Paulo. Participa da fundação de companhias como Cia do Latão, Núcleo Bartolomeu de depoimentos e Cia São Jorge de Variedades, onde dirigiu e atuou em diversos espetáculos marcantes do movimento estético da virada do século como "O nome do Sujeito", "Bartolomeu que será que nele deu", "Biedermann e os incendiários," "Bastianas", "Barafonda", "Quem não sabe mais quem é, o que é onde está , precisa se mexer". Como atriz foi dirigida por Cristiane Paoli Quito, Tiche Viana, Francisco Medeiros, Cibele Forjaz, Frank Castorf, Felipe Hirsch, Daniela Thomas. Como professora, lecionou em escolas como ELT, EAD Estúdio Nova Dança. Sua trajetória é profundamente ligada à construção da performer livre e consciente dos movimentos do seu tempo.
Acessibilidade
A ação “Vem pro CCBB” conta com uma van que leva o público, gratuitamente, para o CCBB Brasília. A iniciativa reforça o compromisso com a democratização do acesso e a experiência cultural dos visitantes. A van fica estacionada próxima ao ponto de ônibus da Biblioteca Nacional. O acesso é gratuito, mediante retirada de ingresso, no site, na bilheteria do CCBB ou ainda pelo QR Code da van. Lembrando que o ingresso garante o lugar na van, que está sujeita à lotação, mas a ausência de ingresso não impede sua utilização. Uma pesquisa de satisfação do usuário pode ser respondida pelo QR Code que consta do vídeo de divulgação exibido no interior do veículo.
Horários da van:
Biblioteca Nacional – CCBB: 12h, 14h, 16h, 18h e 20h
CCBB – Biblioteca Nacional: 13h, 15h, 17h, 19h e 21h
O CCBB Brasília
O Centro Cultural Banco do Brasil Brasília foi inaugurado em 12 de outubro de 2000, e está sediado no Edifício Tancredo Neves, uma obra arquitetônica de Oscar Niemeyer, e tem o objetivo de reunir, em um só lugar, todas as formas de arte e criatividade possíveis. Com projeto paisagístico assinado por Alda Rabello Cunha, o CCBB Brasília dispõe de amplos espaços de convivência, bistrô, galerias de artes, sala de cinema, teatro, praça central e jardins, onde são realizados exposições, shows musicais, espetáculos, exibições de filmes e performances. Além disso, oferece o Programa Educativo CCBB Brasília, programa contínuo de arte-educação patrocinado pelo Banco do Brasil que desenvolve ações educativas e culturais para aproximar o visitante da programação em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), acolhendo o público espontâneo e, especialmente, milhares de estudantes de escolas públicas e particulares, universitários e instituições, ao longo do ano, por meio de visitas mediadas agendadas, além de oferecer atividades de arte e educação aos fins de semana. Desde o final de 2022, o CCBB Brasília se tornou o terceiro prédio do Banco do Brasil a receber a certificação ISO 14001, sendo que, no ano de 2023, obtivemos a renovação anual da certificação, como reconhecimento do compromisso com a gestão ambiental e a sustentabilidade. A conquista atendeu à Ação 24 da Agenda 30 BB, cujo objetivo é reforçar a gestão dos programas, iniciativas e práticas ambientais e de ecoeficiência do BB e demonstra o alinhamento do CCBB Brasília à estratégia corporativa do BB, enquanto espaço de difusão cultural que valoriza a diversidade, a acessibilidade, a inclusão e a sustentabilidade, porque transformar vidas é parte da nossa cultura.
Serviço:
Um Jardim para Tchekhov
Local: Teatro do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília
Endereço: SCES Trecho 02 Lote 22 – Edif. Presidente Tancredo Neves – Setor de Clubes Especial Sul
Temporada: de 9 de janeiro a 2 de fevereiro de 2025
Dias e horários: quinta a sábado, às19h30, e domingo, às 17h
Acessibilidade: todas as sessões de sábado contarão com tradução em Libras
Bate-papo: dia 18 de janeiro (sábado), após a sessão
Palestra: “O processo de criação das personagens”, com o elenco, dia 1ª de fevereiro (quinta-feira), a partir das 17h
Ingresso: R$ 30 (inteira), e R$ 15 (meia para estudantes, professores, profissionais da saúde, pessoa com deficiência e acompanhante, quando indispensável para locomoção, adultos maiores de 60 anos e clientes Ourocard), à venda no site www.bb.com.br/cultura e na bilheteria física do CCBB Brasília, a partir das 12h de 3 de janeiro. A liberação dos ingressos ocorrerá toda sexta feira da semana anterior
Capacidade do teatro: 327 lugares (sendo 7 espaços para cadeirantes e 3 assentos para pessoas obesas)
Duração: 110 minutos
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 14 anos
Informações: fone: (61) 3108-7600 | e-mail: ccbbdf@bb.com.br | site/ bb.com.br/cultura | Instagram/ @ccbbbrasilia | Tiktok/@ccbbcultura | YouTube/ Bancodobrasil
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