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Ana Flavia Garcia, 30 anos de trajetória dedicados às artes cênicas



Licenciada em Artes Cênicas pela UNB, iniciou sua trajetória em 1992 e, desde então, enriquece a cena local por meio de um amplo leque de atuação com alicerce na tríade arte/política/filosofia. Atriz, diretora, dramaturga, cenógrafa, sonoplasta, produtora, arte-educadora, figurinista, oficineira, Ana é uma trabalhadora que dedica cada instante do seu cotidiano, obsessivamente, a pensar e produzir arte sob uma perspectiva decolonial.

 

Inquieta e feroz pesquisadora de mente brilhante, acaba de lançar seu primeiro livro. Um box literário, de três volumes, que traz um compilado de crônicas publicadas em suas redes desde 2011. Com diagramação e estética arrojadas, a publicação instiga leitores e leitoras através de textos provocativos e intrigantes artes gráficas.

 

            Com os mais de 25 espetáculos, que estampam seu nome em alguma das funções na ficha técnica, Ana já rodou todos os estados brasileiros e a levou ao reconhecimento com seis Prêmios e duas indicações. Resultado de um compromisso que carrega tons de paixão, encantamento, curiosidade, angústia, aliado ao interesse pelo humor, a ironia, o deboche, o patético, o estranho, o nonsense.

 

            Entre os projetos de maior destaque, com perspectiva de intervenção no tecido social estão: Cabaré das Rachas, que rodou 15 cidades criando cabarés feministas interseccionais; Concepção e direção artística-pedagógica em projetos de palhaçaria para ações em hospitais, como o Grupo Risadinha e Doutoras Música e Riso;  Atuação em projetos de circo social feminista, como As Desempregadas; Além de projetos tentaculares em arte educação para comunidade escolar como Expedição Brinquedo de Ler.

 

            Dos nomes e companhias com as quais trabalhou, destacam-se Zé Regino, Jonathan Andrade, Ana Luiza Bellacosta, Tullio Guimarães, Grupo Liquidificador, Circo Teatro Udigrudi, Denis Camargo, Trupe Instrumento de Ver, As Caixeiras Cia. de Bonecas e Circo Teatro Artetude.

 

Um retrato da produção brasiliense através de suas lentes:

A observação é um tanto óbvia. A produção aumentou, cresceu em volume de artistas, grupos, a cadeia produtiva se expandiu muito. Isso se deve aos acessos e ao FAC (Fundo de Apoio à Cultura do DF). Teatro, circo, essas linguagens precisam de muito para acontecer, e precisam de times gigantes de profissionais para acontecer. Ter aporte do governo é fundamental para sua sustentabilidade e desenvolvimento. Sobre as criações, em si, meu ponto de vista é apaixonado, eu acompanho trânsitos estéticos, poéticos com naturalidade e me mantendo em constante atualização. Não sou saudosista, tampouco sou aficionada pela contemporaneidade, acho que tudo isso nos coloca entre estar datado ou em soberba evolucionista. O teatro segue sendo teatro, precisa estar no aqui agora, precisa de público, de alma, de estados. Tudo apaixonante e instigante como sempre foi, é e seguirá sendo na medida do tempo em que se vive. Eu pago pau pra cena do Distrito.

 

Seus desejos para a cena local:

Cada vez mais aporte financeiro para a voz cênica de todos os lugares e de criadores do Distrito, oportunidade e acolhimento para quem está chegando, uma escola técnica seria incrível. Um aporte fixo para espaços culturais produtivos. Respeito ao tempo da criação. Férias remuneradas. Condições para o artista parar, sem cair no ostracismo ou na miséria. Seguridade social aos fazedores da cultura, pelo direito de envelhecer com dignidade, de adoecer e ter condições de se cuidar.


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